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Pesquisadores buscam vacinas capazes de neutralizar o coronavírus no nariz

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Uma vacina em forma de spray nasal de fácil aplicação, baixo custo, proteção duradoura inclusive contra variantes e capaz de bloquear a ação do novo coronavírus ainda no nariz, onde começam as infecções.

Esse é o objetivo de um projeto que está sendo desenvolvido por um grupo de pesquisadores da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

O novo imunizante, ainda em fases iniciais de estudo, foi apresentado na segunda-feira (30/8) durante o Ciclo ILP-FAPESP de Ciência e Inovação. O evento, uma parceria entre a Fapesp e o ILP (Instituto do Legislativo Paulista), está disponível na íntegra no YouTube .

“Uma das vantagens da imunização nasal é que ela gera uma imunidade local no nariz, na orofaringe [parte da garganta logo atrás da boca] e nos pulmões. É exatamente o ‘território’ ideal para impedir a consolidação de uma infecção pelo SARS-CoV-2. Vacinas injetáveis são muito boas para induzir imunidade sistêmica e também nos pulmões, mas não são especialmente boas para gerar uma resposta protetora na região nasal e orofaringe”, explicou Edécio Cunha Neto, professor da FM-USP (Faculdade de Medicina) e pesquisador do Laboratório de Imunologia do InCor (Instituto do Coração).

O projeto, do qual ele é um dos pesquisadores principais, tem apoio da Fapesp e é coordenado por Jorge Elias Kalil Filho, professor da FM-USP e chefe do HC-FM-USP – Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas.

“As vacinas que existem hoje são excelentes, desenvolvidas em tempo recorde, mas agora precisamos de um imunizante de segunda geração capaz de contornar problemas que apareceram no decorrer da imunização [escape imune ou efeitos adversos, por exemplo] e servir como reforço às injetáveis”, disse Cunha Neto.

Segundo o pesquisador, o objetivo é criar uma vacina que gere anticorpos neutralizantes duradouros e também estimule de forma robusta a imunidade celular – aquela mediada pelos linfócitos T, que reconhecem o patógeno e destroem células infectadas.

Além disso, a nova vacina deve proteger contra variantes de preocupação. Para isso, os pesquisadores estão desenvolvendo um antígeno que pode conter a região da proteína S (spike, presente na superfície do vírus) que se liga às células humanas (RBD) de três ou quatro variantes ao mesmo tempo.

O antígeno vai conter ainda pedaços de proteínas que estimulem a resposta celular, mais duradoura do que aquela mediada pelos anticorpos neutralizantes. Por isso, deve incluir os chamados linfócitos T CD8+ citotóxicos, que matam células infectadas, e os linfócitos T CD4+, que ajudam na produção de anticorpos e nas respostas citotóxicas.

Atualmente, a equipe está testando 25 combinações diferentes de proteínas, que serão encapsuladas em nanopartículas de cerâmica recobertas com um polímero para garantir a adesão do imunizante ao ambiente nasal.

Testes preliminares com duas doses de protótipos do antígeno levaram à geração de altas quantidades de anticorpos neutralizantes em camundongos. Cunha Neto ressalta que o produto esperado deverá ainda ser estável em temperatura ambiente, além de seguro, com baixo custo e domínio de todo o processo de fabricação no país.

A expectativa é que os testes clínicos sejam realizados em 2022.

 

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