Connect with us

Geral

Primeira paciente a receber plasma para tratar novo coronavírus tem alta

Publicado

em

A primeira paciente a usar o plasma com anticorpos contra o novo coronavírus recebeu alta médica na tarde desta terça-feira (26). O material, colhido no Hemocentro de Ribeirão Preto (SP) desde 6 de abril, centro de referência em hemoterapia no estado de São Paulo, é usado em testes experimentais feitos pelo Hospital das Clínicas (HC) da cidade para tratar doentes em estado grave.

A paciente Aparecida Lourdes de Oliveira Ferreira Lima, de 65 anos, estava internada com a confirmação da Covid-19, em estado grave, desde o dia 15 de abril, no Hospital Estadual de Serrana (SP). Ela deixou o hospital nesta terça, ao lado do médico Pedro Garibaldi, responsável pelo atendimento da paciente, e do médico e pesquisador do plasma, Gil de Santos.

Segundo o HC, a primeira infusão do material na paciente foi realizada no dia seguinte a internação, em 16 de abril. Ela recebeu ainda outras duas bolsas nos dias 18 e 19 do mesmo mês. O tratamento teve a duração de 40 dias.

O plasma é a parte líquida do sangue, composto de sais minerais, vitaminas e anticorpos. De acordo com o diretor e hematologista Rodrigo Calado, coordenador do estudo, os doadores precisam ter confirmado o diagnóstico pelo vírus Sars-Cov-2, responsável pela Covid-19, mas também devem estar livres de qualquer sintoma.

O Hospital das Clínicas ainda pretende estender a pesquisa e realizar o tratamento em 45 pacientes confirmados com o novo coronavírus e em estado grave.

O Hemocentro de Ribeirão Preto continua a captação dos plasma. Os doadores voluntários que tiveram Covid-19 e estão recuperados podem doar entrando em contato pelo telefone 0800 979 6049.

‘Transplante de imunidade’

No início de abril, quando o plasma começou a ser coletado pelo Hemocentro, o coordenador da pesquisa Rodrigo Calado explicou que o tratamento funciona como um “transplante de imunidade” de uma pessoa curada da Covid-19 para o organismo de alguém que está tentando combater o vírus.

Segundo o coordenador, a aplicação de plasma para combater doenças infecciosas não é uma novidade na ciência brasileira, mas o uso é pouco frequente. Os resultados positivos obtidos nos EUA e na China, países fortemente atingidos pela pandemia, foram promissores e animam os pesquisadores no Brasil.

Ainda de acordo com o especialista, o experimento busca evitar mortes e agilizar o processo de cura para liberação de leitos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e de respiradores.

À época, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que reconhece que o plasma tem potencial de ser uma opção para tratamento da Covid-19, mas que o tamanho limitado de amostras e o desenho dos estudos impedem a comprovação definitiva sobre a eficácia. Informou ainda que os estudos clínicos com o plasma para esse fim não precisam ser aprovados pela agência.

O Ministério da Saúde havia dito que realizava uma revisão da literatura científica para avaliar se há dados suficientes e robustos a respeito da eficácia da utilização da técnica e que está em contato com centros hemoterápicos que deram início aos protocolos de pesquisa. Em caso de evidência da efetividade de novas terapias, as orientações serão compartilhadas para o uso delas pelo serviço de saúde.

Publicidade
Publicidade