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Geada pressiona preço de alimentos, mas não há risco para abastecimento, diz Agricultura

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A onda de frio que provocou geadas em regiões do Brasil nas últimas semanas impacta a produção de uma série de alimentos e pressiona para cima os preços ao consumidor.

A avaliação é do Ministério da Agricultura, que não vê risco para o abastecimento. A pasta, no entanto, alerta que novos eventos climáticos adversos ainda devem ocorrer nos próximos dias.

O ministério está preparando um levantamento para detalhar os efeitos das geadas sobre as lavouras.

Até o momento, os impactos mais graves são observados em plantações de hortaliças e fazendas de café. Também há danos em produções de batata e frutas.

À Folha o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese, afirmou que os produtores rurais atingidos já contam com programas de crédito e refinanciamento de dívidas.

Ele ponderou que o governo aguarda um diagnóstico mais acurado do cenário para decidir sobre a adoção de novas medidas.

“Nós estamos acompanhando e avaliando. Ainda não terminou, indicações meteorológicas apontam que ainda pode ter outra geada”, disse.

Monitoramento feito pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nas centrais de abastecimento nos estados mostra que o efeito econômico do frio intenso já pode ser visto.

“As fortes geadas que ocorreram nas principais regiões produtoras de hortaliças e frutas no país causaram queda na oferta das culturas. Como consequência, houve alta nos preços desses produtos na maioria dos mercados atacadistas”, afirmou companhia, vinculada ao Ministério da Agricultura.

De 18 a 24 de julho, houve queda de até 42% na oferta de alface americana, por exemplo, com alta de até 20% nos preços.

No caso da batata, a oferta chegou a cair 40%, a depender da região do país, elevando o preço em até 36%. Também houve alta de até 25% no valor cobrado pela banana.

Farnese afirmou que o caso mais delicado é o do café, que foi fortemente atingido. Como o pé do café é permanente e é usado para produção e colheita em muitas safras, a destruição provocada pelo gelo pode ter efeito negativo por um longo período.

Danos foram registrados em fazendas de Minas Gerais, o maior produtor do país, e São Paulo.

“Fui à região com a ministra Tereza Cristina [Agricultura] e, quando se olha, as lavouras estão queimadas. Mas, para saber o nível de dano causado pela geada, ainda é preciso esperar”, afirmou o diretor da pasta.

Farnese explicou que, com danos graves, os pés precisam ser arrancados. Para impactos moderados, as plantas são podadas, o que não gera uma interrupção completa, mas reduz a produção.

Para este ano, cerca de 80% do café nacional já foi colhido. Apesar de o impacto negativo estar previsto para a colheita de 2022, o mercado de café embutiu o efeito nas negociações e o preço subiu.

A saca de 60 quilos já bateu R$ 1 mil. O valor é aproximadamente o dobro do patamar comercializado há um ano, com alta mais intensa observada nas últimas duas semanas.

Os alimentos mais sensíveis às geadas, com impacto imediato sobre a produção e os preços, são as hortaliças.

“Para determinadas folhosas, a geada é fatal. Alface, por exemplo. A geada acaba com toda a lavoura. Algumas regiões de cinturões verdes em São Paulo tiveram geada e afetou, de fato”, disse.

De acordo com o diretor, o prejuízo e o salto nos preços, nesse caso, acabam concentrados em um período curto porque o tempo de plantio e retorno à produção das hortaliças é menor.

Em relação ao milho, Farnese afirmou que o impacto mais forte foi causado pela seca histórica que atinge o Brasil. “A geada pegou uma lavoura que estava já em condições sofridas por causa da seca. O efeito da perda da seca foi muito maior.”

Os preços do milho, que estão em patamar alto, devem continuar pressionados nos próximos meses, na avaliação do diretor.

Segundo ele, a pasta negocia com o Ministério da Economia uma isenção de PIS/Cofins para a compra de milho em países de fora do Mercosul. Além disso, a alíquota do imposto de importação do produto está zerada até dezembro.

Outros produtos básicos, como arroz, feijão e trigo, não sofreram impacto das geadas.

Em relação ao prejuízo sofrido por pequenos agricultores, Farnese afirmou que o Proagro (Programa de Garantia da Atividade Rural) prevê o pagamento de indenizações aos prejudicados.

Produtores de café contam com o Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira), que oferece crédito para recuperação de danos com juros de 7% ao ano.

Segundo Farnese, após a conclusão do levantamento do Ministério da Agricultura sobre as perdas, o governo avaliará a necessidade de implementação de novos programas de apoio.

Nesta quinta-feira (29), o CMN (Conselho Monetário Nacional) elevou limites de receita anual para classificação do produtor rural. Com isso, são ampliadas as possibilidades de acesso a crédito programas do governo.

 

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